“Odeio gente simpática!”. Não sei por que fui me surpreender com a frase dela. Parece absurdo, mas o normal é concordar. E, afinal, os absurdos tornam-se normais com o hábito, mais cedo ou mais tarde.
Será que esse monte de gente que nos aborda à rua oferecendo crédito, deus, bens, produtos e serviços não será parte de uma revolução? Será que ouvindo-os, sempre tão simpáticos, não estaremos subvertendo aquilo que foi uma marca de humanidade, que passará a ser a marca do mercantilismo? Será que isso não causará efeitos desastrosos?
Não é de hoje que, quando alguém chega falando manso, a gente instintivamente protege a carteira ou a bolsa. Vendedor, evangélico ou ladrão, o alvo será o mesmo. Se quiser evitar constrangimentos, não diga “por favor”, nem “com licença”, muito menos “senhor” ou “senhora” com simpatia. Use um tom de voz algo parecido com um PM dizendo “Cidadão!” A rusticidade será nossa lei, daqui pra diante.
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