25.5.11

Sobre causas e efeitos

Sobre a Marcha da Maconha, condenada pela Justiça e reprimida pela Polícia Militar, alguém tem de dizer em algum lugar que o problema é menos da polícia (ela não foi feita pra outra coisa, senão reprimir) que do Juiz que julgou o negócio ilegal. Nenhuma barbaridade cometida pela polícia deveria ser surpresa - ainda que façamos a denúncia.

Mas a decisão do juiz... O tal do desembargador Teodomiro Mendez (que ao que dizem já espancou reús, torturou, encostou cano de arma na cabeça de ladrões de galinha) escreveu: "o evento que se quer coibir não trata de um debate de ideias, apenas, mas de uma manifestação de uso público coletivo de maconha, presentes indícios de práticas delitivas no ato questionado, especialmente porque, por fim, favorecem a fomentação do tráfico ilícito de drogas."


Não há debate de ideias? Uso público coletivo de maconha? Fomentação do tráfico ilícito de drogas?

Dá pra acreditar nisso? Até um secundarista perceberia a falha de raciocínio. Toda manifestação coletiva traz em si um debate de ideias na base; e o próprio debate não acontece se não há manifestações coletivas - um é condição do outro. Ademais, ninguém precisa de publicidade e coletividade pra fumar maconha. E nem o tráfico precisa de fomento maior que o dinheiro. Pelo contrário, o tráfico deve é se incomodar com alguém falando em legalização: isto sim é que é uma ameaça ao lucro.

A primeira coisa a se fazer é julgar o juiz; depois chegamos a polícia. Se é que estamos interessados em combater causas, não efeitos.