30.7.08

Intervalo

– Ei, mocinha, venha já aqui!
– Você... não é minha professora...
– Muito bonito: beliscando o coleguinha menor!
– Você não é minha professora.
– Ah, e ainda por cima é petulante, não?
– E você NÃO é minha professora!

22.7.08

Já respirei melhores ares em Paranapiacaba: havia alguma coisa de amarga naquela neblina de domingo. E o pior de contabilizar o valor das coisas perdidas: quanto mais cresce a paranóia de gozar o bom daquilo que ainda possuo, mais desconfio ser a posse aquilo que tira o valor das coisas.

19.7.08

Dercy no Céu

Dercy loura
Dercy boa
Dercy sempre de bom humor.

Imagino Dercy entrando no céu:
- Abre logo, hein, féla-da-puta!
E São Pedro bonachão:
- Entra, Dercy. Você não precisa pedir licença.

17.7.08

FAQ – Risco de prisão no Brasil

Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal, instado por este blog a esclarecer as curvas e meandros dos caminhos jurídicos brasileiros, aceitou responder, em linguagem de dia de semana, este FAQ, que vai ajudar v., cidadão de bem, a não fazer merda.

1. Se eu encher a cara, dirigir irresponsavelmente, derrubar uma passarela e indiretamente causar uma morte, a polícia pega?

Pega.

2. E se eu contratar lobistas para traficar influências com senadores e deputados federais?

Não pega.

3. Tomar apenas algumas cervejas, ficando pouco acima de seis decigramas por litro de sangue, sem cometer crimes enquanto dirijo?

Pega.

4. Oferecer assessoria jurídica utilizando informações priviligiadas fornecidas por correligionários do alto escalão federal?

Não pega.

5. Voltar para casa, depois de tomar duas taças de vinho, dirigindo tranqüilamente?

Pega.

6. Criar centenas de empresas para despistar crimes contra o sistema financeiro, gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro e tráfico de influência?

Não pega.

7. E, se eu não tiver escrito no vidro traseiro que "há um seqüestrador e um refém neste carro", mesmo que eu seja o refém, a polícia me pega?

No Rio, pega.

8. Subornar um delegado da PF com um milhão de reais para ser excluído de investigação sobre corrupção, evasão de divisas, sonegação fiscal e formação de quadrilha?

Não pega.

9. E se, na defesa do patrimônio público e das divisas nacionais, eu expedir mandado de prisão contra banqueiros, ex-prefeitos, doleiros, lobistas e laranjas?

Pega. Mas, além de eles ganharem instantaneamente habeas corpus, com a ajuda do STF v. vira réu pouco depois.

10. Recusar-me a usar bafômetro?

Pega.

11. Recusar-me a usar algemas?

Não pega.

15.7.08

Confesso ter um problema com raízes. Não as consigo cultivar. Por mais que tente, estou sempre a arrancá-las. Dos projetos, dos trabalhos, da vida das pessoas. Minha vida é um vôo livre. E o ruim das liberdades são as prisões que elas constroem. Perdendo a arte da aterrissagem, aos vizinhos já nem posso dar um oi, sem lembrar do incômodo trazido pela necessidade de repeti-lo amanhã.

4.7.08

Lei Seca causa nojo em toda a sociedade

E a sociedade sabe que bebida e direção não combinam...

"Mas por que, então, dá um certo mal-estar não poder mais tomar duas taças de vinho no jantar e dirigir de volta para casa?"
Sérgio Costa, jornalista.

"A lei é problemática e eu não tenho dúvidas de que o Judiciário vai derrubá-la."
Hédio da Silva Júnior, ex-secretário de Justiça e professor de Direito.

"É demagógica, anti-social, excessivamente draconiana e inconstitucional."
Percival Maricato, diretor Jurídico da Abrasel.

"Uma medida malfeita e que pode ser contestada judicialmente."
Delegado Tabajara Novazzi Pinto, diretor da Academia de Polícia Militar de São Paulo.

"Não há crime sem condução anormal. (...) O direito penal atual é dotado de uma série de garantias, como a ofensividade, que consiste em exigir, em todo crime, uma ofensa concreta ao bem jurídico protegido. (...) A prisão em flagrante de quem dirige normalmente é um abuso patente, que deve ser corrigido pelos juízes. Em síntese, quem está bêbado (com qualquer quantidade de álcool no sangue), mas não chega a perturbar a segurança, não está cometendo crime. Logo, não pode ser preso em flagrante."
Luiz Flávio Gomes, professor doutor em direito penal, ex-promotor e ex-juiz.

"Ô... quélo é beber nezza porra, carai!"
Seu José, bêbado.