9.3.14

Este 11 de agosto - de uns anos atrás, talvez 2012 - passou sem festas, sem presentes, sem bebidas, sem cigarros, mas sempre serviu pra pensar no que sou, na maior dificuldade de ser eu, ou mais precisamente, de sempre estar a me tornar outra coisa, de mudar de casa, de cidade, de estado. O que me incomodava tanto não era a mudança; era o movimento. Sem datas, sem horários, sem produto final. E agora, que parei, não aguento mais fazer as mesmas coisas. Não posso mais trabalhar, este fardo. Posso viver de qualquer maneira, trabalhar em qualquer coisa que goste, ganhando o mínimo, vivendo só o suficiente, comendo pouco; as diversões mais primitivas me bastando. Tudo, menos isso. Não posso respirar. Isto sempre aconteceria, eu sempre soube. Mas não bastou ter lido a Bíblia, São Bernardo, o Capital. Tinha que vivê-los: ser Paulo Honório, entre Deus e o diabo, levantando uma vida sem significado. Fui advertido, e nunca dei o real valor que tudo tem. E nunca chamei cada coisa pelo seu verdadeiro nome. É isso. Isso deve ser estragar a vida, estragá-la estupidamente.