30.4.08

Se o Ronaldo queria experimentar um travestizinho, ou três, ninguém tem nada com isso, afinal. Agora, dizer que confundiu com mulher é que são outros quinhentos.

27.4.08

Hoje pela manhã, no páteo do colégio, num sol de rachar, uma banda independente fez um barulho tão ruim que lembrou um tremor de terra, e um geólogo pôs-se a lamentar o azar que teve por estar na Mooca durante o terremoto, que, segundo me disse, foi causado por uma acomodação de placas tectônicas, uma coisa sublime, conforme lhe parece. E explicou que a Mooca, por estar no centro da bacia geológica, não sofreu os efeitos sentidos nas demais zonas periféricas. E ficou esse gosto de azar pra ele.

Senti-me culpado por ter me tornado alguém insensível: em vez de gozar o momento, imaginei que as estranhas vibrações que me balançavam a mesa fossem obra de espíritos, e, não obstante, segui trabalhando despreocupadamente.

21.4.08

Apostas para a sucessão municipal

Faltam nomes para apostar nestas eleições. À prefeitura de Mauá concorrem nomes de peso, todos com muitas chances e muitos problemas. O atual prefeito, Leonel Damo (PV), se aposenta e, curiosamente, não apóia sua natural sucessora, Vanessa Damo. A filha é deputada estadual pelo mesmo partido e não escondeu o descontentamento, ao ser preterida por Leonel, que resolveu apoiar Francisco Carneiro, mais conhecido como Chiquinho do Zaíra (PSB). Carneiro foi durante muito tempo o homem-forte da gestão Damo. Mas o descontentamento de Vanessa pode ser puro teatro.

Além de Carneiro, existem ainda as candidaturas do PSDB e do PT: Diniz Lopes e Oswaldo Dias, respectivamente. Carneiro conta com o apoio do atual prefeito. Lopes tem a seu favor o saldo político de uma gestão interina em 2005, quando, como presidente da câmara, assumiu o executivo enquanto a Justiça não definia o resultado das eleições. Dias possui um legado de 8 anos de mandato, entre 1997 e 2004, quando o PT obteve aprovação popular significativa.

Problemas: o primeiro tem reprovadas pelo TCE as contas relativas a 2005, quando esteve à frente da Sama, autarquia municipal responsável pelo saneamento básico; o segundo também tem rejeitadas as contas da Câmara referentes a 2006, quando voltou a comandar o Legislativo; o terceiro tem reprovadas as contas da prefeitura pelo mesmo órgão.

Em conversa recente com um vereador petista, ouvi uma queixa mais ou menos assim: “o problema do PT, e mais urgente, do Oswaldo, é que nós temos formado muitos militantes, muitos intelectuais, muitos administradores e legisladores. Mas não formamos quadros para atuar no Judiciário; seria bom que não houvesse uma brecha de representação em tão importante espaço; não para que, com isso, o PT fosse favorecido, mas sim para que não fosse injustiçado.” E falou dos diversos casos de promotores e juízes que só querem saber de ferrar o PT.

É fato que Leonel Damo tem muita influência no Poder Judiciário. A cassação em 2004 da candidatura de Márcio Chaves (PT), seu principal concorrente, e a posterior batalha judicial provam isso. Um ano depois, Márcio Chaves enfiava o rabo entre as pernas, esgotados todos os recursos, e Leonel Damo era diplomado, ganhando tranqüilamente a prefeitura mesmo sem ter tido a maioria absoluta dos votos. Um escândalo que a população mauense não quis ou não pôde perceber.

A considerar isso, Vanessa Damo, se herdou a habilidade política do pai, incluindo a arte de trocar favores e traficar influências, conseguiu por meios judiciais derrubar todos os seus adversários, criando assim um grande vácuo político. Resta saber o que o pai deve a Francisco Carneiro para enganá-lo de tal forma, apoiando-o publicamente e, nos bastidores, derrubando-o.

7.4.08

A escola como instrumento de inibição do pensar

É um fato freqüentemente observado e comentado em relação a crianças pequenas, quando estas iniciam sua educação formal no jardim de infância, que elas são ativas, curiosas, imaginativas e inquisitivas. Durante um certo tempo elas preservam estas características maravilhosas. Mas gradualmente, então, ocorre um declínio destes fatores e tornam-se passivas. Para muitas crianças, o aspecto social da escola é seu único atrativo. O aspecto educacional é uma provação pavorosa.

(Matthew Lipman. O pensar na educação. Petrópolis, Vozes, 1995, p. 22, apud: Evandro Ghedin. Ensino de Filosofia no Ensino Médio. São Paulo, Cortez, 2008, p. 68)

Ainda que pensemos que este declínio é próprio da adolescência, fase caracterizada pelo não-pensamento, não-imaginação e desinteligência, ainda assim... não dá pra não sentir vergonha da escola. E pena das crianças que passarão por ela.