24.6.12

Arte



Sem título
André Pereira de Oliveira
Aerografia, tinta acrílica
Fafil - Centro Universitário Fundação Santo André (junho/2012)

13.6.12

O bonito e o bom


... e isso, senhoras e senhores, é o que eu tinha a dizer sobre África nesta noite.
 Bem, agora a mesa está aberta a perguntas.
 Eu... eu queria saber o seguinte: e a escravidão? Cê num falou disso.
 Ah, não, mas isso já se falou demais. Agora o que a gente tem de falar da África é o que ela tem de BO-NI-TO: os reis, as civilizações, a cultura, a arte... É tanta coisa, é um universo tão grande, que a gente não precisa ficar repetindo esse passado. O quê que a África tem de bom? Essa é a pergunta.

8.6.12

O preconceito e o autêntico sinal da nossa época

"(...) Esta assim chamada razão dá maior valor, em contraste com a verdadeira, ao sentimento ou pressentimento interior, e desta maneira o subjetivo torna-se a medida do valor, isto é, uma opinião individual como cada qual é capaz de formar. Tal convicção individual não é, portanto, mais do que a opinião, a qual assim se converte na mais alta finalidade para os homens.

(...) Indiscutivelmente, a convicção individual é o fato último e absolutamente essencial que a razão e a sua filosofia, do ponto de vista subjetivo, reclamam para o conhecimento. Existe, porém, diferença entre a convicção baseada em estados subjetivos - isto é, sentimentos, aspirações, intuições, etc. - e a convicção que brota do pensamento e da compreensão do conceito e da natureza do objeto. No primeiro caso, a convicção não passa de mera opinião.

Esta oposição entre opinião e verdade, que se delineou claramente, encontramo-la já na cultura do período socrático-platônico (período de decadência da vida grega), como o antagonismo revelado por Platão entre opinião (dóxa) e ciência (epistéme). Idêntica oposição topamos ao tempo da decadência da vida pública e política romana, no reinado de Augusto e mais tarde quando campeavam triunfantes o epicurismo e a indiferença em matéria filosófica. Neste sentido, quando Cristo disse: Eu vim ao mundo para dar testemunho da verdade, Pilatos responde: Que é a verdade? A resposta é dada com ares de superioridade e significa: sabemos bem o que é essa verdade: uma coisa que conhecemos; mas fomos ainda além: sabemos que se não pode falar de conhecimento da verdade; é ilusão que já vencemos. Quem assim fala passou, de fato, para além da verdade.

(...) Para o homem franco a verdade permanecerá sempre uma palavra de suma importância. No que respeita, portanto, ao asserto de que a verdade não se pode conhecer, (...) se se aceita este pressuposto (...), não se pode compreender por que motivo o homem se ocupa ainda de filosofia (...)."

HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. "Introdução à história da filosofia". Abril cultural, p.336-7 (Os pensadores).

A quem trate Hegel como cachorro morto, fica a advertência: ele está cada vez mais vivo.

6.6.12

Índice de valor de uso do livro


... e, por todas estas razões, senhoras e senhores alunos, recomendamos enfaticamente que leiam o livro, com calma e sem pressa, até porque estamos ainda no início de junho, e vocês poderão ler nas férias.
 É um piadista.
 Nas férias eu viajo...
 É obrigado a ler esse livro?
 Por quê que a gente tem que comprar? Tá errado isso daí.
 Pra quê que eu tenho que ler isso?
 Pode sair pro intervalo, sor?

A alienação do signo

Quando a gente é pequeno e lê no ônibus: "FALAR COM O MOTORISTA SÓ O INDISPENSÁVEL", pode pensar que "indispensável" é o nome do cobrador, e que este é o único autorizado a "falar". Ou quando ouve cantar: "O cravo brigou com a rosa / debaixo de uma latada", eu por exemplo pensava: "coitados, além de brigando, alguém ainda vai lá e dá uma latada neles?!" E não era nada disso, mais tarde descobri o significado. Mas, agora, com a gente grande... Querem nos fazer esquecer tudo o que aprendemos? E foi pensando nisso que me vi a mim, tão realista e sério - a devanear entre prateleiras de supermercado, perdido em déjà vu, segurando um alimento da marca carrefour que por alguma razão se chama "pão caseiro". Deve ser a tal arbitrariedade do signo linguístico.

Daí cheguei a uma pergunta terrível: haverá um mercado de palavras?