17.7.08

FAQ – Risco de prisão no Brasil

Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal, instado por este blog a esclarecer as curvas e meandros dos caminhos jurídicos brasileiros, aceitou responder, em linguagem de dia de semana, este FAQ, que vai ajudar v., cidadão de bem, a não fazer merda.

1. Se eu encher a cara, dirigir irresponsavelmente, derrubar uma passarela e indiretamente causar uma morte, a polícia pega?

Pega.

2. E se eu contratar lobistas para traficar influências com senadores e deputados federais?

Não pega.

3. Tomar apenas algumas cervejas, ficando pouco acima de seis decigramas por litro de sangue, sem cometer crimes enquanto dirijo?

Pega.

4. Oferecer assessoria jurídica utilizando informações priviligiadas fornecidas por correligionários do alto escalão federal?

Não pega.

5. Voltar para casa, depois de tomar duas taças de vinho, dirigindo tranqüilamente?

Pega.

6. Criar centenas de empresas para despistar crimes contra o sistema financeiro, gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro e tráfico de influência?

Não pega.

7. E, se eu não tiver escrito no vidro traseiro que "há um seqüestrador e um refém neste carro", mesmo que eu seja o refém, a polícia me pega?

No Rio, pega.

8. Subornar um delegado da PF com um milhão de reais para ser excluído de investigação sobre corrupção, evasão de divisas, sonegação fiscal e formação de quadrilha?

Não pega.

9. E se, na defesa do patrimônio público e das divisas nacionais, eu expedir mandado de prisão contra banqueiros, ex-prefeitos, doleiros, lobistas e laranjas?

Pega. Mas, além de eles ganharem instantaneamente habeas corpus, com a ajuda do STF v. vira réu pouco depois.

10. Recusar-me a usar bafômetro?

Pega.

11. Recusar-me a usar algemas?

Não pega.

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