24.2.09

Adaptações

Eu não entendo essa resistência besta dos escritores em ceder direitos ou aprovar adaptações de suas obras pro cinema. Apesar de não ter gostado de Love in the Time of Cholera, ainda assim quero ver os Cem Anos de Solidão na tela, por que não, Gabriel? Ninguém vai conseguir apagar o brilho de uma obra só porque estragou a versão cinematográfica. É um risco. Mas não mata. Dá vida nova, acende a vontade de reler, de comentar, de comparar. O pior que pode acontecer é alguém ver o filme e ficar com vontade de ler o livro. E quem já leu, tem a chance de ver o que houve de novidade, de inovação, criatividade, que é sempre uma coisa positiva – uma coisa que faltou na versão do livro do Gabriel García Márquez, e sobrou na do Saramago. Mas parece que tudo gira em torno da mesquinharia: não se quer que diretores tenham a chance de fazer um bom trabalho, de criar coisas novas sobre coisas velhas, de receber os louros num universo do qual não são criadores. Talvez por isso apareça toda a confusão antes do lançamento disso:


Ah, dá um tempo, Alan Moore. Do jeito que a coisa vai, essa birra toda fica parecendo ciuminho. Como é que pode afirmar com toda essa certeza que Watchmen não pode ser adaptado pro cinema? Só porque tem coisas que não podem ter vida fora dos quadrinhos? É claro que tem coisas que não saem mesmo dos quadrinhos. Essas ficam de fora, paciência. Em seu lugar, entram coisas que jamais apareceriam no HQ; que só podem existir na tela. Resolvido. Quer dizer, estaria resolvido, se não houvesse esse puritanismo surreal, que quer ver dois Watchmens iguais em suportes diferentes. Sem contar que esse negócio de nem querer assistir o filme mostra uma inflexibilidade típica das ações guiadas pela emoção, o que reforça a tese do ciuminho. A-ham!

Nem viram de verdade, e já foram desancando o filme. Provavelmente os fãs, cegos, indo na onda do criador. Tomara que, quando virem mesmo, todo mundo goste. Pra que a gente não fique dando ouvido a críticas, nem da crítica nem do autor. À primeira vista, pô, parece ser um trabalho legal... e só com isso, eu já ficaria feliz: com um trabalho legal. Imagina agora, sabendo que virá em separado toda aquela parte do universo expandido também?! Yaaaaaaa-hoo-hoo-hoo-hooey!!!

Principalmente pelos Contos do Cargueiro Negro, que, um dia, achei existirem de verdade, fora de Watchmen. Agora, existirão. Navegando noutros mares.

1 comment:

Leco Vilela said...

e isso não acontece só no cinema...no teatro então a briga vai alem!... claro qeu por ser cinema é mais "visivel"... quantos mil pagamos pra montar plínio marcos? aproximadamente 30... por uma peça de 1hrs!

isso sem contar as pessoas que não acreditam nas adaptações de obras ou de filmes... enfim... egoismo talvez... mas ciumes deve se encaixar melhor.