Agora, ultimamente, tem me aparecido uma sensação vaga de tranqulidade e calma, que se confunde com felicidade, mas que não resiste muito. É aparecer e me incomodar, o que me faz perguntar de onde essa sensação vem, e isso eu sei bem, mas não sei o que ela é. Porque é sempre franzir o cenho, como quem enxota um cão intruso, e perceber que essas sensações boas só derivam de eu estar vivo, e relativamente livre (porque relativamente só), e somente. De resto, é o mesmo inferno que sempre foi.
Preciso trocar de emprego. Odeio adolescentes, definitivamente (ou pessoas, o que dá no mesmo). As contas estão sempre fechando o mês vermelhas – consumismo filhadaputa e inútil. Não ganho na megasena. Não declarei ainda o imposto de renda. Não leio mais meus livros queridos. Não tenho tempo nem saco de ler pras aulas de sociologia e política. Não tenho tempo de apagar emeiols. Não tenho tempo de pensar. E, pra completar, errei a declamação de um poema ontem, sábado, numa feira do livro: quis morrer. Que merda! Que poema filhadaputa do Drummond! Desaparecer assim da memória, com todo mundo olhando...
Também não jogo mais essa porcaria da megasena. E nunca mais declamo poemas. Idéia besta.
Agora só falta o problema das pessoas, das contas, dos impostos e das insuficientes 24 horas do dia. Ora, quem disser que é difícil viver ou ser feliz, simplesmente não nomeou direito seus problemas.
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