22.7.09

Passei três longos anos sentado em minha cadeira, digitando em meu teclado, olhando em minha tela, dobrando meus joelhos. Sob a escrivaninha, havia um compartimento tipo prateleira, onde incialmente deixei o estabilizador e a quem lentamente fui juntando uma biblioteca de livros insossos, cds inúteis, apostilas velhas, pastas, envelopes e um nunca mais acabar de papéis, textos, fanzines, correspondência bancária, publicidade e muita poeira. Um dia, a prateleira caiu. Ainda tentei voltá-la ao lugar, calcei com caixas, tomei cuidado, rezei – tudo em vão. Estava inflexível. Saiu. E agora posso esticar minhas pernas, endireitar a coluna, encostar meus pés cansados na parede. De fato, só vemos a ruindade das coisas quando as perdemos. Também por isso damos talvez tanto valor a nossos cães, casas, carros, empregos, vidas, amigos e parentes.

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