26.5.10

Crises

Um dia – quando devia dar uma aula de verbos no pretérito imperfeito do subjuntivo –, me veio a ideia marota, quase indecente, de, por pura farra, falar de sociedade dividida em classes, mercadoria e trabalho alienado. E, dada a inesperada recepção da sala, talvez desconfiada de tão estranha gramática, logo me vi falando em valor de uso, valor de troca, força de trabalho e, principalmente:

D - M - D' - M - D'' - M - D'''

Foi então que, sem mais nada, uma pobre garota de 11 anos levantou sua mão tímida e, com um franzir de testa, questionou:

– Mas, professor, não chega uma hora que falta dinheiro não?

Donde se conclui que, talvez, as crianças sejam os únicos seres ainda capazes de entender o que é o capitalismo.

2 comments:

Leco Vilela said...

Adorei o texto!... e sinceramente, concordo!

* MONGE * said...

meus cumprimentos meu caro...