8.10.12

A social-democracia apimentada: particularidades da política em países de extração colonial


TV Cultura, vésperas da eleição de 1994, Brizola no centro do Roda Viva.



Clóvis Rossi (questionando a natureza da social-democracia, que no mundo todo envereda pelo neoliberalismo): "O sr. parece um soldadinho marchando em direção contrária ao batalhão, e acha que todo o batalhão tá errado, só o sr. tá certo." 

Leonel BrizolaSabe o que ocorre? Uma vez o Willy Brandt [1913-1992, social democrata alemão] me perguntou: Brizola, qual é o futuro da social democracia no Brasil? Digo: olha, eu acho que é um encontro com nosso destino. Porque... embora existe muita impostura. Nós já tivemos até um partido social-democrata, que era um partido dos latifundiários, era um partido das oligarquias, era o PSD. Agora surge o Partido da Social Democracia (PSDB), cheio de democratas-cristãos, porque o sr. Montoro - meu prezado amigo Montoro é um democrata cristão, de raiz, de origem. Democrata cristão? - eles lá perguntam. É, sim senhor... Então, acontece que há muita impostura no Brasil. Mas eu disse a ele: agora, Dr. Brandt, não é como aqui [Europa]. A social-democracia brasileira tem um pouco de pimenta malagueta. O sr. sabe o que é pimenta? Não. Então eu expliquei o que era pimenta. A social democracia, num país como o nosso, não pode ser igual à espanhola, nem mesmo à espanhola, muito menos à alemã. Nós, aqui, quando queremos fazer as reformas internas, nós vamos proceder e tocamos no interesse internacional. Lá não. Eles fazem o que querem internamente. Então, a social-democracia do terceiro mundo é diferente de lá.

No comments: