12.2.07

Hoje, chove. Tédio.

E ontem praticamente não tive o que fazer. Restou-me o consolo de olhar da minha janela o sol pintando, aqui e ali, um verde, um marrom, um cinza de pardais, um multi-colorido de varais. É que as vizinhas penduram roupa todo dia por ali. E na última vez que fui olhar minha janela, talvez procurando alguma delas semi-nua, havia ainda um restinho de claridade no céu, ainda se enxergava um pouco, mas, abaixo da copa das árvores mais altas, um tom escuro uniformizava tudo. Porque até um menino, sozinho, pequeninho, recolhia as últimas roupas, agora secas. Achei bonito. Mal alcançava o varal, tadinho, e precisava apoiar-se na ponta dos pés para pegá-las. As das extremidades, mais altas, fazia-as deslizar lentamente até a metade do fio, de onde as tirava, um trabalhão. Há quem diga que a inocência é o mais belo nas crianças; cá por mim, acho que é mais que isso: é uma paciência preguiçosamente desinteressada que o adulto vai perdendo. Fiquei olhando, assim, com uma vontade imensa de ajudar e uma preguiça enorme de sair. O empate imobilizou-me. E quem me visse acharia que eu estava contemplando o crepúsculo, imagine... coisa mais sem graça.

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