20.5.07

Sobre as causas da violência

As razões da desordem brasileira, ao contrário do que se pensa, não são sociais: são psicológicas. Tudo se pode resolver pela pedagogia. Mas, muito ao contrário do que pensa Gabriel Chalita, que tem um currículo invejável, sim senhor, que é muito bem preparado, sim senhor, que provavelmente nunca entrou em sala de aula, não senhor, não há pedagogia do amor possível. A única pedagogia real é a pedagogia do ódio.

Só se pode incutir valores éticos ou cognitivos mediante uma ação autoritária que resulte em conquista de respeito. Donde se conclui que é melhor ser temido que amado. Aqueles que amam tentarão a todo custo tirar vantagem do objeto amado, ao passo que aqueles que temem servirão o objeto do temor até o limite das forças.

Ora, na educação como na segurança pública, o trabalho é o mesmo. Basta saber que num lado educa-se; no outro, pune-se. E se no primeiro não mais se pune, e se no segundo não mais se educa, é um erro, que somente posso atribuir à decadência dos nossos tempos. Importa agora reconhecer que há crise de autoridade num e noutro lado.

Em São Paulo, com todos os enroscos, ainda se vai razoável nessa matéria, se comparado ao Rio. Que zona se tornou esta cidade! Naquela ao menos não se vê bala perdida a cada dia, gente morrendo o tempo todo, policiais correndo de bandido a cada ação. Parece que a bandidagem paulistana tem ainda algum medo da polícia. No Rio, não. Desafia-se-lhe.

E a razão disso tudo é psicológica. Em São Paulo, as cores das viaturas são preta, cinza e vermelha. São cores fortes. No Rio, as viaturinhas são azulzinhas. E que corzinha bonitinha, adoro azul! Mas, cá pra nós, não bota medo em ninguém.

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