27.1.07

Lapa

João do Rio, Rosinha, Villa Lobos, Noel Rosa, Manuel Bandeira, Madame Satã, Portinari, Di Cavalcanti

Rio. Não a cidade das ensolaradas praias copacanas, das toscas novelas da classe medíocre. Mais... Os dias de Glória. A Fundição Progresso. A antiga rua de Mata-cavalos. O aqueduto. As rodas boêmias. Numa parede pintados Manuel Bandeira, Noel Rosa, João do Rio, Di Cavalcanti, Portinari, Madame Satã... Resta saber como os reuniram, se o segundo tinha só onze anos quando morreu o terceiro, mas, ora, está-se a ver que é liberdade artística, e basta pensar que as ruas são alternativas... e as noites, da Lapa. Aos pés dos arcos entrecruzam-se histórias, tempos, cores, classes, línguas, músicas... As rodas de samba na rua. Aqui, a igreja cuja torre levou um estrondo de canhão, à esquerda uma parede exibe, talvez, uma releitura de Debret, ali uma rua-território de muitas tribos, vamos indo nela, lá estão mendigos, e as meninas mais belas, lá estão as rodas de samba, já se sente cheiro de maconha, adiante queda-se, imóvel, a polícia, sofrendo o calor em seus uniformes, aclimatada à carioca vida, hipnotizada por um vai-e-vem, de malandros, de meninas, de crianças pobres, de turistas vários nas estreitas ruas, acolá se vê a Joaquim Silva, vamos indo pela Manoel Carneiro, vê-se bem destes degraus azulejados, aquele casal alemão adentra o Restaurante Ximenes, observam, não entendem a língua do menu, pedem quatro cervejas (pensando em longnecks), ok, lá vem o garçom intrépido, abridor à mão, quatro garrafas de 550ml, ploc, ploc, ploc, ploc... entreolham-se admirados com a fartura tupiniquim os filhos de Oropa (sobre lâmpada antiqüíssima há ainda uma goteira, cai agora uma água de torneira surreal, presa ao teto, as gotas faíscam no ar), por aquele beco vê-se ainda ao longe a beleza das construções, das janelas em paredes de trompe l’oeil, finda 17 de novembro de 2006, não esperaremos muito, não tarda a hora de ir ao Circo Voador. Rio. Rio. Rio...

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